sábado, 21 de agosto de 2010

Diga NÃO á pedofilia!!!

Escândalo na internet



Uma menina de aproximadamente 6 anos sendo estuprada. As imagens completas são impublicáveis. “Uma seqüência de fotos mostra ela acorrentada sendo violentada. A mão dela está totalmente roxa. Deveria estar há um dia amarrada para ficar nesse estado”, revela o técnico em informática Anderson Miranda.
A imagem mudou a história de Anderson e da advogada Roseane Miranda. O casal estava em uma sala de bate-papo na internet. Uma sala que não tinha nada a ver com pornografia. De repente, foi surpreendido pelas cenas de violência bem na tela do computador.
“A sensação é que a alma daquela criança já não está mais ali”, comenta Anderson.
Chocados, o técnico em informática e a advogada partiram para a guerra: criaram um site de denúncias contra a pedofilia na internet. Pedófilo é o adulto que tem atração sexual por crianças.
“Eu resolvi fazer uma pesquisa em um banco de dados de um site de crianças desaparecidas e com a comparação da imagem fotográfica descobri que ela era uma delas. Era americana e estaria hoje com 13 anos de idade”, conta Anderson.
“Como o desaparecimento dela foi há alguns anos, não acreditamos que essa criança tenha sobrevivido, porque em todas as circunstâncias ela está em situações de extrema violência”, diz Roseane.
O dossiê sobre a menina foi entregue nas mãos de um delegado da Interpol em 2001.
“A partir daquela data, nunca mais tivemos retorno”, diz Anderson.
O silêncio das autoridades é comum quando o assunto é pedofilia na internet. Os processos se arrastam. O Ministério Público e a Polícia Federal ficam em um jogo de empurra.
“O Ministério Público dize que eu não tenho autoridade para isso, tenho que passar por um juiz. Quando eu consigo com o juiz, ele diz que não tem condição de me fornecer no tempo aprazado, porque não há capacidade operacional”, diz o delegado da Polícia Federal Paulo Cassiano Junior.
“O Ministério Público está atento à questão dos prazos justamente para que não haja prescrição, para que não haja impunidade”, defende o procurador da República Sergio Suiama.
Mas ninguém foi condenado nos 71 inquéritos abertos pela Polícia Federal na cidade de São Paulo nos últimos seis anos. Mais da metade dos casos ainda estão sendo investigados.
“Acontece em razão do excesso de inquéritos que existe na Polícia Federal e do número de pessoas reduzido. Existem muitos inquéritos que estão lá há muito tempo, não só de crimes de pedofilia”, diz a procuradora da República Ana Carolina Nascimento.
“Não se trata de incompetência. Se o site está sediado no exterior, na Rússia, por exemplo, não há o que fazer”, afirma o procurador da República Sergio Suiama.
“Existem dificuldades. Neste momento, quase não existe regulamentação para a internet. Porém, é perfeitamente possível rastrear, e, na maioria dos casos, chegar em quem de fato está fazendo o acesso”, comenta o professor Wilson Ruggiero, doutor em ciência da computação da Universidade de São Paulo (USP).
Esse caminho apontado pelos especialistas já vem sendo adotado pela polícia de outros países. Mas as nossas autoridades, que tanto falam da necessidade de cooperação, não fazem nada, mesmo quando recebem tudo mastigadinho. Foi o que aconteceu na operação global, desencadeada pela Espanha. O Brasil não participou do mutirão contra a pedofilia na internet.
Mas informação não faltou. A polícia espanhola localizou, no Brasil, 104 endereços de computadores na rota da pedofilia. Alguns casos bem detalhados, com dia e hora da transmissão de imagens de crianças sofrendo abuso sexual. Sob o pretexto de que é preciso pegar os 104 suspeitos ao mesmo tempo, a Polícia Federal ainda não prendeu ninguém.
“É impossível fazer um trabalho bem feito de maneira instantânea”, alega o delegado da Polícia Federal Paulo Cassiano Junior.
Mesmo depois de muito tempo, o trabalho também não aparece. Faz cinco anos que a Polícia Federal vem investigando o economista Julisson da Silva. Em 2000, em uma apreensão em Vitória do Espírito Santo, um farto material de pedofilia foi encontrado no computador dele.
A reportagem de quatro anos atrás foi exibida na Polícia Federal de São Paulo.
“Uma coisa importante para mim é saber se a prisão preventiva foi pedida”, diz o porta-voz da Polícia Federal Wagner Castilho.
Dois dias antes da entrevista informamos o número do inquérito, que o delegado desconhecia.
“Eu nunca vi isso”, surpreende-se o porta-voz.
Ele ficou surpreso com as imagens que não foram divulgadas pela TV, mas que estavam no computador apreendido e fazem parte do inquérito da Polícia Federal.
“Falta muito pouco para uma resposta. Esse inquérito já foi várias vezes para o Ministério Público. Retornou à Polícia Federal porque o próprio Ministério Público, que é responsável pelo oferecimento da denúncia, ainda acha que as provas colhidas não são...”, tenta responder o porta-voz da Polícia Federal.
“A Polícia Federal não investiga somente uma pessoa. Ela investiga uma rede, que usa a internet para a publicação de sites pornográficos e para...”, tenta ele novamente.
“Eu dou resposta para tudo, eu vou falar...”, insiste o porta-voz.
“Para a autoridade policial, o crime está constatado, o fato é verídico, todos nós vimos. Entretanto, as provas ainda serão... Deixa eu pensar de uma maneira...”, pede o porta-voz.
“Eu tenho que falar alguma coisa, não posso ficar com cara de bobo. Não tem uma resposta satisfatória”, conclui ele.
Enquanto as autoridades criam respostas em vez de agir, as imagens da violência se multiplicam na internet. A velocidade assusta. E o que mais assombra é saber que a imagem-símbolo da luta contra esse crime, a menina que deve estar morta, ainda alimenta a tara de pedófilos na rede.
Dezessete dias depois da entrevista com os procuradores da República, e dez dias depois de o Globo Repórter ouvir a Polícia Federal, o Ministério Público finalmente ofereceu a denúncia contra o economista Julisson da Silva. É o inquérito que estava na Polícia Federal de São Paulo desde outubro de 1999.

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